Mais um episódio envolvendo a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) e os trabalhadores ambulantes foi assistido pela população de Salvador nesta semana. Entre protestos e uma repressão enfática da Guarda Municipal, o processo de cadastramento para o Carnaval 2023 se mostrou, mais uma vez, frágil. Pessoas atearam fogo em frente a um dos portões do prédio público, em meio a gritos por atenção, e foram reprimidas com spray de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo. Em imagens que circulam na internet é possível ouvir de uma mulher: “sem a gente não tem Carnaval”.
“Que está complicado para os ambulantes trabalharem esse ano, está. É um sofrimento eterno, anos e anos se passam e nada melhora, só piora”, relata Neucy Pereira, presidente da associação S.O.S. Abaeté, que trabalha com ambulantes da região. Os esforços realizados pela prefeitura da capital baiana não foram suficientes. No último dia 2 de fevereiro, Dia de Iemanjá, a gestão divulgou a abertura de 55 pontos de conexão à internet para que a ideia de um procedimento totalmente online pudesse se concretizar.
Como era esperado, no dia de abertura, nesta quarta-feira, com a alta demanda, o site ficou fora do ar 10 minutos após sua inauguração. Uma parcela dos trabalhadores que já previa a situação, acampada em frente à sede da Semop, reivindicou o trabalho presencial dos servidores municipais no cadastramento.
Recomendação
O modelo foi adotado pela gestão do prefeito Bruno Reis após recomendação do Ministério Público do Trabalho (MPT). Com as críticas pela falta de acesso à internet enfrentada por parte da categoria, o MPT, em nota ao Jornal da Metropole, enfatizou que cabe ao município “avaliar a melhor forma de cumprir as recomendações, desenvolver sistema capaz de atender a demanda”. Apesar disso, o modelo segue como um calo para garantir uma etapa de parte essencial da festa momesca.
