Publicidade
Camaçarí / BA - 21 de Setembro de 2024
Publicado em 16/02/2023 20h44

Show de incompetência: Carnaval de 2023 já é considerado o pior no tratamento de ambulantes

Trabalhadores criticam gestão de Bruno Reis
Por: Metro 1

Reportagem publicada originalmente no Jornal da Metropole em 16 de fevereiro de 2023

Pintou verão e o Carnaval de Salvador já voltou. Após dois anos de pandemia, sem nomes como Moraes Moreira (1947-2020) e Letieres Leite (1959-2021), e com uma fama que já o precede: a festa em que os ambulantes foram tratados de forma mais desumana. 

Desde os primeiros dias de 2023, os trabalhadores começaram a acampar em frente à Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) com medo de perder o credenciamento para participar do evento. Na avenida Cardeal Avelar Brandão, um longo trecho da calçada foi tomado por papelões — onde dormiam os ambulantes — bancos de plástico e malas.

Para resolver a situação degradante, a prefeitura da capital baiana optou por fazer o credenciamento de forma 100% online. No dia 10 de fevereiro, um dia após o prazo de 24 horas dado pela prefeitura para o cadastramento, nenhum dos ambulantes que dormiram ao relento por no mínimo dez dias conseguiu se credenciar para a festa. 

“O dinheiro que a gente tinha para investir em mercadoria, a gente estava gastando aqui comendo. Da Semop a gente não recebeu nem um copo de água. Inclusive, eles soltaram uma bomba em uma criança de seis anos [...] Não está tendo respeito”, conta a ambulante Andressa, de 33 anos. Grávida, a mulher precisou ir para a emergência no hospital após sofrer queda da pressão sanguínea. 

Os ambulantes, que passaram pela repressão da Guarda Civil com gás lacrimogêneo e spray de pimenta, criticaram ainda a gestão do prefeito Bruno Reis (União) em comparação com a do seu antecessor e padrinho político, ACM Neto (União). “No ano antes da pandemia,  a gente veio direto da festa de Iemanjá e ACM colocou a gente para dentro [da Semop] com lanche, água e dentro de meia hora já estava liberado”, desabafa uma das trabalhadoras.

A ambulante Aline resolveu ir para o circuito mesmo sem o credenciamento: “Preciso alimentar meus filhos”, diz. “Se você abrir a geladeira de minha casa, não tem nada”. A mulher, que ficou mais de 10 dias acampada em frente à Semop com a filha, saiu do local direto para o circuito da Barra. Lá, ela também precisa ficar acampada para manter o ponto de vendas. 

A partir desta quinta-feira, os circuitos Dodô e Osmar recebem os foliões — baianos e turistas — para aproveitar os dias de felicidade e fantasia. Mas antes de viver ser apenas festejar, ainda há um trabalho a ser feito. Após a polêmica envolvendo o cadastramento dos ambulantes para as festas de verão, o prefeito de Salvador prometeu adotar novos critérios para o processo de credenciamento do Carnaval de 2024.

Publicidade

Comente essa notícia