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Camaçarí / BA - 21 de Setembro de 2024
Publicado em 05/04/2023 13h37

Em audiência pública sobre Autismo, Câmara de Camaçari reafirma a necessidade de promover inclusão e quebrar preconceitos

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Por: Visão Diária Ascom

Ao iniciar os trabalhos da Audiência Pública em alusão ao Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, realizada pela Câmara de Camaçari, na manhã desta quarta-feira (05/04), o vereador Dedel Reis (Republicanos) destacou a importância de, através de ações de conscientização, lutar pela quebra de todo tipo de preconceito ainda existente em relação às pessoas que possuem Transtorno do Espectro Autista (TEA).

A audiência foi realizada por iniciativa da Comissão de Saúde e Assistência Social da Casa, que é presidida pelo vereador Dedel Reis, e tem o vereador Niltinho (PSDB) como relator e Vaninho da Rádio (PSDB) como membro. “Sabemos todos os desafios que os autistas enfrentam durante o processo de desenvolvimento de suas habilidades, mas esses obstáculos são completamente superáveis. Precisamos oferecer inclusão, que ajude essas pessoas a se desenvolverem, tornando a nossa sociedade melhor. O preconceito é uma das piores barreiras, mas com conscientização podemos também quebrar essas limitações”, afirmou Dedel Reis.

Entre os palestrantes que participaram do debate esteve o administrador e ativista da causa, Moisés Andrade, que falou sobre a aceitação dos pais em relação ao Autismo. “Aqui entendo que é importante espalhar informação, para combater o negacionismo. Tenho um filho autismo e passei muito tempo negando a realidade, sem aceitar a situação. Isso por conta de uma sociedade que não sabe lidar com as diferenças e espalha preconceitos. Foi então que percebi a importância do meu papel para oferecer melhores condições de desenvolvimento para meu filho. A gente precisa entender que autismo não é uma doença, é apenas uma diferença. E essas pessoas precisam ser inseridas de maneira respeitosa na sociedade”, afirmou.

Para falar sobre as ações do setor público, foi convidada a fisioterapeuta do Centro Especializado de Reabilitação (CER II), Rafaela Ferreira. A unidade foi criada em 2009 para trabalho voltado à reabilitação física, e foi ampliada em 2018, com a oferta de reabilitação intelectual. “Nós passamos por ampliação de equipe, ampliação de olhar, que exigiu capacitação diferenciada para atender essas pessoas. Hoje temos 50% do nosso público atendido com suspeita ou diagnóstico fechado de TEA. Por aí vemos o tamanho do desafio que não é só nosso, é mundial, diante das taxas de prevalência de TEA no mundo. E vemos no dia a dia que nem a rede privada consegue hoje dar conta dessa demanda”, mencionou.

Já a importância do desenvolvimento de terapia ocupacional para o desenvolvimento de pessoas com TEA foi tema da fala da terapeuta, Maice Corrêia Por sua vez, o advogado Romeu Sá falou sobre aspectos relacionados aos direitos do autista. Ele citou que é autor de diversos projetos de lei que propõem avanços nesse sentido, como por exemplo a redução de jornada de trabalho para mães e pais de autistas, a exigência de adaptação das escolas para acolher essas pessoas, dentre outras propostas que ofereçam melhores condições de desenvolvimento.

Para o profissional, é importante cuidar das famílias que possuem indivíduos autistas no seu convívio. “Sabemos que os pais de autistas acabam tendo que ser um pouco de tudo, advogado, nutricionista, terapeuta. E isso é exaustivo. Precisamos cuidar de quem cuida. As famílias, especialmente as que dependem dos serviços públicos de saúde, pedem ajuda. E o direito é parte importante para garantir que pais e mães de autistas estejam amparados nesse suporte que precisam oferecer aos filhos”, cravou.

Também usou a palavra o presidente da União das Pessoas com Deficiência de Camaçari (UDEC), Fredson Soares, e a gestora da APAE em Camaçari, Adalgisa Leitão. A audiência também foi marcada por muita participação popular, com a inscrição das 10 pessoas que fizeram diferentes questionamentos e pontuações. Entre os temas abordados estiveram os instrumentos legais para inclusão, muitas demandas dos serviços ofertados pelo município para os autistas, necessidades na área de educação, transporte público, dentre outros.

A representante do Grupo de Pais de Autistas de Camaçari, Liana Farias, citou que as famílias estão enfrentando demora no serviço prestado pelo CER II. “A fila para atendimento na unidade está enorme. Tem muitas crianças aguardando há muito tempo para um diagnóstico e precisamos acelerar esse serviço, pois o município não está conseguindo dar conta da nossa demanda que é urgente”, relatou. No mesmo sentido, Patrícia Maria, que também faz parte do grupo, reforçou que o diagnóstico precisa ser precoce para garantir melhores condições de desenvolvimento das pessoas com TEA e pediu a ajuda dos vereadores nesse sentido.

Entre os vereadores, usaram a tribuna, além do vereador Dedel Reis (Republicanos), os vereadores Jamessom (União), Tagner (PT), e Gilvan Souza (PSDB). Os parlamentares pontuaram que a Casa Legislativa tem colaborado no que é possível para melhorar a vida de famílias e de pessoas com TEA e que muitos projetos seguem em tramitação para garantir qualidade de vida para todos que vivenciam essa realidade. Também foi levantada a necessidade de se criar uma mesa de diálogo para que encaminhamentos sejam dados ao Executivo a partir da participação coletiva.

“Nós precisamos pontuar aqui todo o esforço que vem sendo feito para oferecer o melhor ambiente de atendimento para nossas crianças que precisam de uma atenção especial. Precisamos lembrar que questões diversas, como o fechamento da Ford, impactaram no aumento exponencial de demanda de atendimentos nas unidades públicas de saúde e educação, por exemplo. Nós temos aqui em Camaçari muitos serviços de inclusão, que vão desde distribuição de cadeiras de rodas até estudos avançados com o uso do Canabidiol, por exemplo. São muitas as demandas, mas temos visto de fato muitas conquistas no nosso município”, concluiu.

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