Para quem vive o "mundo" das bandas e fanfarras em Camaçari, setembro é o mês mais importante. Isso porque os grupos ganham vitrine e têm a oportunidade de encantar o grande público que vai conferir os desfiles cívicos. Este ano, o calendário de celebrações conta com quatro eventos: no dia 7 de setembro, em comemoração à Independência do Brasil, e nos dias 16, 24 e 28/9, em referência ao aniversário de emancipação política do município.
Quando as bandas passam na avenida, os espectadores vão ao êxtase. Mas para o show acontecer, é preciso um trabalho contínuo de preparação. É o que conta Gil Mário Santos, presidente da Associação Cultural Banda Municipal de Camaçari (Bamuca). "Desde o início do ano estamos ensaiando para ir às ruas bem e, assim, manter a tradição de excelência que temos em nossos 46 anos de história na cidade", afirma.
Os integrantes mais experientes se reúnem às terças e quintas-feiras, das 17h às 19h, e aos sábados, das 15h às 19h. Os encontros iniciam com alongamento, exercícios de respiração, aquecimento com atividade de flexibilidade e escala, seguida do ensaio do repertório. Já os novos talentos, têm aulas às segundas e quartas-feiras, das 17h às 19h, e aos sábados se integram a todo o conjunto. Além dos mesmos processos, os novatos passam ainda por um método chamado essential elements, para aguçar a percepção e o desenvolvimento musical.
Este ano, o grupo promete embalar o público com músicas atuais. "Nosso repertório mescla sucessos do momento com músicas clássicas, para atender os variados gostos", destaca Gil Mário. O grupo conta com 100 integrantes, incluindo músicos, corpo coreográfico, pelotão cívico, regente, professores e diretores.
Entre os músicos da Bamuca, está a trombonista Kezia Santos, 17 anos, que integra a banda há 5 meses. "Sempre assistia as apresentações nos desfiles e admirava, por isso resolvi também participar. A cultura é importante na vida dos jovens", pontuou ao acrescentar que, "este será meu primeiro desfile e a expectativa está lá em cima!", concluiu a moradora do Parque Real Serra Verde.
Israyla dos Santos já é veterana na Associação Cultural Banda Marcial Joana Angélica (BAMAJA), mas os desfiles de 2023 também terão "sabor" de estreia para a musicista de 22 anos. Pela primeira vez, ela será uma das regentes do grupo. "Entrei no sopro em 2011, ano passado me tornei professora e agora poderei reger a banda. A sensação é gratificante! Na avenida, vamos dar o nosso melhor", enfatizou.
E para chegar na avenida confiantes, eles se reúnem três vezes na semana, às segundas, quartas e sextas-feiras, das 18h às 19h. Na oportunidade, são feitos ensaios técnico-artísticos e preparações como alongamento e exercícios de respiração. Nos dias do desfiles, a hidratação e o protetor solar são itens indispensáveis.
Thailla Carmona integra o coreográfico do BAMAJA há 7 anos e diz que adora desfilar. "Quando assistia as coreografias nos desfiles, sempre achei bonito, e por isso, vendo também amigos ingressando na banda, resolvi entrar. Desfilar é um momento incrível, onde me sinto bem", disse a moradora do bairro Mangueiral.
O repertório da BAMAJA também contará com sucessos atuais, além de releituras, como a "Superfantástico", da Turma do Balão Mágico, que já é conhecida entre as canções que a banda costuma executar. O grupo é composto por 100 pessoas, de 8 a 22 anos. "A banda é uma oportunidade para levar educação e cultura às crianças, tirando da criminalidade", destaca Israyla.
As fanfarras e bandas marciais recebem subsídio da Prefeitura de Camaçari através do Edital Evandro Amaro, que está na segunda edição e também é destinado à filarmônicas e orquestras. O certame, promovido por meio da parceria entre as secretarias da Cultura (Secult) e da Educação (Seduc), destina R$ 100 mil para cada grupo, atendendo 10 instituições, totalizando R$ 1 milhão investido.
Foto: Jean Victor