Cinco homens foram mortos a tiros e dois ficaram feridos na terça-feira (27), na cidade de Acajutiba, a cerca de 185 km de Salvador. Segundo a Polícia Militar, eles foram baleados em confronto com as forças de segurança.
A Bahia vive uma onda de violência que já deixou 50 suspeitos de crimes mortos em confrontos com a polícia, segundo levantamento do g1. A maioria das mortes ocorreu em bairros periféricos da capital. O governo da Bahia ainda não divulgou o número oficial.
O confronto em Acajutiba ocorreu quatro dias após cinco suspeitos de integrarem facções criminosas serem mortos em Salvador e um em Feira de Santana, durante uma "megaoperação" que prendeu 15 pessoas no bairro de Águas Claras.
De acordo com a PM, equipes das Companhias Independentes de Policiamento Especializado (Cipes) Litoral Norte e Polo Industrial foram acionadas após receberem informações sobre homens fortemente armados, escondidos em um abrigo improvisado em uma área de mata na região conhecida como "Estrada do Cumbe".
Ao chegarem ao local, um cerco foi realizado e houve confronto entre o grupo e os policiais. Depois da troca de tiros, sete homens foram encontrados feridos e levados a uma unidade de saúde da cidade, onde cinco deles morreram.
Na ação, no interior do estado, foram apreendidos uma espingarda de fabricação artesanal, um rifle calibre 22, três revólveres calibres 38 e 32, uma pistola Taurus calibre 765, um saco, um tablete e 43 porções de maconha, 127 pinos de cocaína e 121 embalagens contendo crack.
Todo o material apreendido foi apresentado à delegacia da cidade, onde a ocorrência foi registrada.
Acajutiba tem cerca de 14 mil pessoas, de acordo com dados do Censo de 2022. Apesar de não ficar na região de costa, a cidade integra a região do litoral norte baiano.
A Bahia registrou ao menos 51 mortes durante confrontos com a polícia neste mês setembro – 50 delas de suspeitos de envolvimentos com crimes e uma de um policial federal, o agente Lucas Caribé.
A maioria das mortes ocorreram durante operações policiais nos bairros periféricos da capital baiana Veja, abaixo, a cronologia:
O secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, afirmou que a guerra entre facções é a principal causa da violência no estado.
O advogado Luiz Henrique Requião, especialista em ciências criminais e presidente do Tribunal do Júri baiano da Associação Nacional da Advocacia Criminal (ANACRIM/BA), afirma que as facções criminosas em Salvador e em cidades do interior da Bahia sempre existiram, mas passaram a ganhar força e se enfrentar após se juntarem com grandes grupos criminosos de fora do estado.
Apesar da escalada da violência no estado, o número de fuzis apreendidos até setembro deste ano mais que dobrou em relação a 2022. Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), até esta segunda-feira (25), 48 armas deste tipo foram apreendidas. Entre janeiro e dezembro do ano passado, foram apreendidos 22 fuzis.
Apesar do número alto de mortes em setembro, a realidade da insegurança não é novidade na Bahia. Em 2022, o estado liderou o ranking de mortes violentas no país, com quase 7 mil assassinatos, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O número representa 50 casos a cada 100 mil habitantes.
Ainda segundo o Fórum, 1.464 dessas mortes aconteceram em confrontos policiais – uma média de 122 por mês. O estado da Bahia também foi o que mais matou pessoas em intervenções policiais no ano passado, seja de agentes em serviço ou fora dele. Esse número saltou de 1.335 em 2021, para 1.464 mortes em 2022. O órgão não dispõe de dados referentes ao ano de 2023.
Embora não tenha detalhado números, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia informou, em nota que, de janeiro a agosto deste ano, as intervenções policiais com resultado morte apresentaram redução de 4,3%, em comparação com o mesmo período do ano passado.