Com objetivo de buscar soluções para os problemas no serviço de abastecimento de água enfrentados pela população de Camaçari, a Câmara Municipal realizou audiência pública sobre o tema. Promovida por iniciativa do presidente da Casa Legislativa, vereador Flávio Matos, a atividade reuniu vereadores, população, integrantes da gestão municipal e representantes da Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. (Embasa), que é a concessionária de serviços de saneamento básico de quase todo o estado da Bahia.
A intermitência apresentada na prestação do serviço de abastecimento e a falta de água por longos períodos foram as principais queixas mencionadas durante o debate, especialmente nas localidades da orla. "Esse debate feito publicamente é importante para gerar compromissos que podem ser firmados aqui. Estamos buscando a melhoria de um serviço básico que é o de acesso à água. Queremos aqui achar soluções, porque problemas nós já temos", pontuou.
Um dos primeiros a falar foi o gerente regional da Embasa em Camaçari, Laesandro Araújo dos Santos, que detalhou que a regional atende outros municípios limítrofes a Camaçari e conta com nove sistemas de abastecimento de água que atendem 429 mil habitantes, aproximadamente. Ele falou ainda sobre ações previstas para a região. "Está em andamento uma obra de ampliação do sistema de abastecimento de água com investimento de R$ 24 milhões, com previsão de conclusão em fevereiro de 2024. A população atendida nesta obra será de 255 mil habitantes, com melhoria do sistema, substituição de equipamentos e a previsão de uma melhoria significativa no serviço oferecido à população", relatou.
Sobre os problemas operacionais recentes, o gerente falou da crise hídrica enfrentada em uma parte da orla e também na sede. "Fizemos um estudo e detectamos que a retomada do sistema de abastecimento tem sido prejudicada pela recorrência de falta de energia. Também temos tido muitos casos de furtos de equipamentos utilizados nos poços dos quais extraímos água. Além disso, tivemos problema de baixa vazão e de baixa qualidade da água coletada, por exemplo. Tudo isso tem causado demora no restabelecimento do serviço, o que tem prejudicado a população", enumerou.
O vereador Flávio Matos informou que participou de uma reunião com representantes da Coelba para entender a situação. "Aqui estão representantes da Coelba que vieram aqui gentilmente atendendo a um pedido meu para ouvir o que foi dito aqui. Eles informaram que a empresa não vai responder neste momento, por conta da ausência dos dirigentes maiores, que estão fora neste momento. Mas, há aqui o compromisso de ouvir, entender e nos dar uma resposta sobre os relatos aqui feitos. Nosso objetivo é estabelecer uma relação saudável entre as empresas para que a população não seja prejudicada", explicou.
Muitas foram as manifestações da plateia em busca de respostas e soluções para os variados problemas vivenciados, como oscilação de pressão da água no inverno e no verão, água barrenta, interrupção, dentre outros. Entre as mais de 15 participações da população, esteve a da moradora de Arembepe, Shimene Santos, que pontuou que a água costuma chegar apenas à noite na região. "Isso torna a vida das pessoas um caos. Você chega em casa cansado do trabalho e ainda tem que esperar a água chegar altas horas da noite. O problema do abastecimento na orla não é só no verão. Estamos enfrentando isso há muito tempo", relatou.
Já Antônio Mota registrou queixas sobre o esgotamento sanitário que, segundo ele, não tem sido feito corretamente. "Vemos esgotos jorrando com frequência e em diversas localidades da cidade. Isso é um absurdo porque causa problemas sérios de saúde para a população", pontuou. Em resposta, o representante da Embasa relatou que, em muitos casos, esse problema é oriundo de ligações irregulares feitas no sistema.
Entre algumas das sugestões também apresentadas pela população esteve aumento da seguranças nos poços para evitar furtos de equipamentos, a instalação de geradores para suprir as necessidades de energia elétrica, o acionamento da Agência Reguladora de Saneamento Básico do Estado da Bahia (Agersa) para fiscalizar o serviço de que vem sendo prestado, dentre outros. A moradora de Arembepe, Fabiana Franco, por exemplo, sugeriu a municipalização do serviço de abastecimento de água. "Temos água potável, somos a cidade das águas e sofremos com falta de água. Isso é inadmissível", pontuou.
Os parlamentares também foram atuantes durante o debate, participando quase em sua totalidade. O vereador Jamelão (União) opinou que falta de investimento para melhor prestação do serviço. Já o vereador Tagner (PT) reforçou a importância dos investimentos que estão sendo realizados pela Embasa e de buscar soluções efetivas para as queixas que foram apresentadas pela população. Usaram a palavra ainda a vereadora Professora Angélica (PP) e os vereadores Jamessom (União), Deni de Isqueiro (União), Manoel Jacaré (PSDB), Vavau (PSB), Gilvan Souza (PSDB) e Mar de Areias (União).