O atual presidente da Câmara Municipal de Camaçari, o vereador Flávio Matos (União Brasil), é a aposta do grupo político liderado pelo atual prefeito Elinaldo Araújo (União Brasil) para seguir no comando da prefeitura camaçariense.
Em entrevista exclusiva para o BNews, Flávio Matos vem colocando como uma “novidade” na política de Camaçari e garante que, caso eleito, manterá o diálogo com o governador Jerônimo Rodrigues (PT), mesmo estando em grupos adversário.
Confira a entrevista completa:
BNews: A principal pergunta para um candidato, ou ainda um pré-candidato, é sobre quais são as propostas que o senhor tem para Camaçari. Caso eleito, o que o eleitorado camaçariense pode esperar de sua gestão? Quais são as propostas para Educação, Saúde e Segurança Pública?
Flávio Matos: Estamos representando uma candidatura da real renovação. Tem alguns candidatos que se apresentam como candidato renovado, mas que já tiveram a oportunidade de ser prefeito de Camaçari algumas vezes, mas não cumpriram com seu papel, com suas promessas que foram feitas em época eleitoral. Eu tenho tentado chegar mais próximo da população. Desde setembro, tenho feito uma escuta qualificada do povo para saber o que realmente essa população almeja do próximo prefeito. Espero que esse momento seja renovado, que seja de novas práticas políticas, que seja de um momento que Camaçari acelere os serviços públicos, que reconhece o importante trabalho foi feito a cerca de infraestrutura, mas que na parte de política pública precisa acelerar. E a nossa política toda representa essa renovação. Até porque eu nunca tive oportunidade de ser prefeito. Tenho apresentado algumas propostas.
Na saúde, temos apresentado alguns planos, a exemplo do nosso Hospital Municipal, que já apresentamos com planta arquitetônica, com fonte de custeio, com orçamento da obra. Então plano está engatilhado, já apresentamos isso para a sociedade. E temos falado que a saúde precisa ter uma certa autonomia. O governo do Estado tem a responsabilidade da regulação e tem nos ofertado diretamente quando represa pacientes nas nossas Unidade de Pronto Atendimento, UPAs e PAs. E isso tem feito uma relação ruim. Quero ter uma relação muito boa com o governador [Jerônimo Rodrigues] e quero dar essa certa autonomia e independência para a saúde em Camaçari, com a construção de um hospital com 50 leitos, 40 leitos clínicos e dez de UTI, para que esse paciente, se for um pequeno procedimento, ele já faça no nosso hospital. Se for uma responsabilização do governo do Estado, caso a complexidade aumente e precise de um hospital de referência a nível estadual, ele tenha um conforto para que tenha a sua vida resguardada pelo município. A responsabilidade da saúde é tripartite e o Estado tem abarcado alguns valores que são de Camaçari, a exemplo dos leitos de retaguarda que deveriam estar disponíveis para a cidade do Hospital Geral e não estão, que estão na ordem de R$2.400.000,00 por ano. Eu tenho ainda planos para a informatização cada vez maior da nossa saúde. Já temos a marcação eletrônica aqui na cidade e a gente precisa se informatizar melhor e precisa instituir alguns processos de tecnologia na saúde, para que esses serviços sejam mais acelerados e a gente tenha essa efetividade. Também precisamos ampliar a cobertura, que herdamos com 52% e já estamos chegando a 80%, mas precisamos chegar a 100% da cobertura de saúde primária, de atenção básica, de saúde. Eu tenho falado da construção de algumas unidades. Por exemplo, temos um bairro chamado Limoeiro e tem lá dois postos de saúde que são alugados, três equipes de saúde da família e eu tenho que aproximar essa estrutura primeiro, regionalizar melhor. Então já temos noção de onde será o espaço. Será perto ali da creche Aguinaldo Silva que uma creche que foi entregue aqui no nosso governo com cinco refeições em tempo integral e temos também que levar esse equipamento de saúde para aquela comunidade também parar de pagar esse aluguel para otimizar os custos da saúde.
Tenho dito que a gente precisa otimizar os recursos e a gente tem alguns avanços já observados na educação pública de Camaçari. Em 2017, quando entramos no governo, as crianças de Camaçari não recebiam sequer uma camisa de farda. As escolas estavam completamente destruídas. Nós tivemos que reestruturar toda educação, reconstruir praticamente algumas escolas e reformar, requalificar as nossas 103 unidades escolares. Ainda conseguimos distribuir os kits e as crianças aqui também não tinham a menor condição de ir para a escola, até porque até as camisas de farda as mães tinham, mesmo sem condições, comprar essas partes. Então, hoje temos os kits. Mas a gente precisa avançar mais. Eu tenho dito que a gente vai criar nosso SEI (Sistema de Educação Integral). Vamos criar essa modalidade para que a gente amplie a nossa rede gradativamente e a gente consiga dar um conforto para as mães que possam ir as mães, sobretudo solo, trabalhar a sua possibilidade de melhorar economicamente de vida, mas sobretudo, manter esse aluno estudando a didática em um turno e no outro turno, praticando esporte, fazendo a cultura, aprendendo noções de empreendedorismo, fazendo com que essa criança e esse jovem tenha o seu caráter formado.
Sobre a segurança pública, nós temos a intenção de estruturar a nossa Guarda Civil municipal. A gente tem alguns recursos federais, já temos um plano municipal de Segurança pública sendo elaborado. Estamos discutindo abertamente sobre isso. Aqui, para patrimônio público, hoje temos uma empresa contratada, mas nós temos que ter essa Guarda Civil municipal funcionando na cidade. Estou buscando isso em outros exemplos de sucesso, como a cidade de São Carlos, em São Paulo, e São José dos Campos, que já têm uma Guarda Civil municipal efetiva. Tenho conversado com alguns deputados que tem essa bandeira da segurança pública, que me garantem da obrigatoriedade do governo federal de passar alguns recursos para os guardas civis municipais para que elas tenham essa autonomia. E Camaçari já é grande, passamos de 300 mil habitantes e merecemos ter uma Guarda Civil municipal estruturada, organizada e que nos dê essa contrapartida da segurança pública que é tão defasada no nosso Estado. Nós temos um efetivo policial menor do que tínhamos há 20 anos atrás, com a cidade três vezes maior em termos populacionais. Camaçari sofre como todos os outros lugares, e a gente precisa dar essa contrapartida. Camaçari tem um convênio também da ordem de quase R$5 milhões por ano para viaturas, aluguel de viaturas, aluguel de motos, combustível, alimentação de policiais. Então, preciso conversar com o governador. Depois da eleição, assim que assumi em 1º de janeiro, vou procurar o governador para que a gente veja a contrapartida real desse contrato, já que eu tenho a intenção de estruturar a nossa Guarda Municipal para que a gente entenda que uma Guarda precisará de recursos e se eu vou dar essa contrapartida. Vamos ver se a gente consegue também redefinir esses convênios para que a gente consiga otimizar os recursos públicos e transformá-los em serviços efetivos.
BNews: O citou que seria uma novidade para a política de Camaçari. Mas o senhor é o candidato do atual prefeito Elinaldo Araújo. O teria a apresentar como novidade não só em relação a Elinaldo e a seu principal adversário Luiz Caetano?
Flávio Matos: Primeiro, eu digo que a gente representa a renovação afetiva. Eu não sou um candidato renovado, nunca fui prefeito, disputo com alguém que já prefeito durante três oportunidades e que não priorizou a construção do nosso hospital, que não priorizou a saúde, não conseguiu dar tecnologia e, sobretudo, não projetou a cidade de Camaçari para o futuro que vivemos hoje. Sofremos com o desemprego, Camaçari sofre mais por ser basicamente industrial. Sofremos com as filas intermináveis da regulação e não tem uma contrapartida importante. Então, tenho dito que a gente vai assumir uma certa autonomia nessa cidade. Representa a renovação de que eu nunca tive a oportunidade de ser prefeito. Pertence ao grupo do prefeito Elinaldo, que conduziu isso de uma forma muito democrática e escolheu pela vontade popular. Fui escolhido pelas pesquisas, pelas ruas. O povo escolheu essa candidatura porque acredita que representa um novo momento da cidade. Eu tenho me apresentado como tal, de instituir novas práticas na política, de destituir velhas práticas, que a gente tenha um governo de cara nova. Camaçari precisa ter mais autonomia acerca das políticas, principalmente relacionadas ao nosso governo do Estado. Eter também um papel de estadista, de conversar com o governador, de conversar com o presidente da República, mostrar a importância de Camaçari tem sobre as arrecadações as principais fontes de custeio do Estado, por exemplo, o CMS. Eu tenho dito que seria uma candidatura de propostas propositivas para o futuro e serei um prefeito da renovação, prefeito que vai ter autonomia para governar e principalmente para colocar Camaçari no cenário que ela merece, que é de protagonista na Bahia, com a independência que nós já merecemos daqui a alguns anos.
BNews: O senhor vem se colocando à disposição do grupo que atualmente comanda o Estado para dialogar. Como o senhor acredita que esse diálogo vai se dar mesmo com vocês estão em campos opostos?
Flávio Matos: Nosso adversário, quando foi prefeito, ele tinha o presidente da República e tinha o governador e nada acontecia na cidade. Nós tínhamos uma [Estrada da] Cascalheira destruída, uma Via Atlântica, mais conhecida como Cetrel e que faz ligação entre sede e orla, completamente deteriorada. Nós não tínhamos aqui serviços do Estado funcionando. Precisou o prefeito Elinaldo vencer a eleição e tem uma relação de estadista republicana com ex-governador Rui Costa (PT) para as coisas começaram a acontecer. O prefeito Elinaldo, nesses últimos sete anos, conseguiu requalificar junto ao governo estadual a Cascalheira. Nós conseguimos requalificar a nossa Centrel, conseguimos o Corpo de Bombeiros, o Departamento de Polícia Técnica, tudo isso no governo Elinaldo. Então, isso significa que uma relação republicana vai. Ela é necessária para que as coisas mudem no Estado e, sobretudo, essa devolução dos recursos que conseguimos arrecadar para o Estado, através do CMS, retorne em forma de serviço, em forma de infraestrutura e, principalmente, em forma de atenção. Então isso quer dizer que precisamos de um prefeito novo que entenda a importância do governo do Estado para Camaçari, que dialogue abertamente. Eu não tenho dito que serei o prefeito que responsabilizarei o governador sobre Camaçari, até porque Camaçari é na Bahia. Nós somos governados por quem a maioria do povo escolheu. Claro que não era a minha opção e é claro que eu entendo que a Bahia precisa romper esse ciclo de quase 20 anos de atraso. Mas eu, como prefeito [caso eleito], terei ainda dois anos do governador Jerônimo e eu conversaria abertamente com ele para responsabilizá-lo e para termos uma parceria que for bom para a população. Mas eu tenho que ter essa responsabilidade com o povo de Camaçari para que essa responsabilidade de governo do Estado também seja cumprida.
BNews: Desde 2018, o Brasil vem passando por uma polarização da política nacional protagonizada pelo PT e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Aqui na Bahia, o PT vem tentando nacionalizar as eleições municipais, ligando seus candidatos a figura do presidente Lula. Por outro lado, o seu correligionário, o prefeito de Salvador, Bruno Reis, tem dito que é difícil fazer esse tipo de movimento, de ligar a política municipal a federal. Como é que o senhor analisa essa fala? O senhor acha que tem como nacionalizar a eleição?
Flávio Matos: É uma tentativa desesperada do meu adversário, do ex-prefeito [Luiz Caetano], porque ele não tem o que falar dele, porque se envergonha do seu passado. Nos três mandatos, ele tem mais de 30 processos nas suas costas e tem que devolver ao município a ordem de quase R$ 36 milhões. Então, ele vai se esconder atrás de alguém e vai se esconder atrás do presidente Lula, acha que algum cabo eleitoral, e do governador Jerônimo. Mas o povo de Camaçari o conhece. Na eleição estadual [de 2022], nós vencemos com quase 25.000 votos de frente para o nosso candidato ACM Neto. E aqui, Lula teve mais voto que o Bolsonaro. Então ele vai tentar se esconder atrás desses cabos eleitorais e eu vou puxar o debate para o município. E o pré-candidato do outro lado, o ex-prefeito até agora não apresentou uma proposta. O povo lembra dos seus mandatos e sobretudo, lembra que ele é, em época eleitoral: muitas promessas, mas, quando vence a eleição, pouca prática, pouca entrega. E eu vou puxar esse debate para o município, que reconhece o ex-prefeito, nosso adversário, como uma pessoa que nos envergonha em páginas policiais, como uma pessoa que está atolado em escândalos de corrupção na cidade e que está se pintando de bom moço para tentar voltar. Tentar se esconder atrás de cabos eleitorais, sejam eles em âmbito federal ou estadual, é uma atitude covarde do candidato
BNews: Recentemente, vimos o sei partido, o União Brasil, passar por um momento de instabilidade. Uma disputa pela presidência nacional do partido entre Luciano Bivar e Antônio Rueda. Nacionalmente, e a nível também estadual e municipal, o partido já está pacificado? Há algum “temor” de uma nova tentativa de Bivar em tentar voltar para a presidência e se isso pode acabar prejudicando o partido nas eleições de ano?
Flávio Matos: Nas questões partidárias, temos líderes importantes em nível estadual e nacional. Eu tenho um elemento que chama o ex-prefeito a ACM Neti, que conduz essa parte partidária e conduz muito bem. Rueda foi uma escolha de Neto. Hoje ele [ACM Neto] é vice-presidente nacional. A nível estadual, nós temos o nosso deputado Paulo Azi, que conduz muito bem [o partido], o prefeito Elinaldo e vice-presidente do partido, ambos estadual. A nível municipal, temos Hélder Almeida que é o nosso presidente municipal do União Brasil. Então, as questões partidárias eles tocam e eu vou para a parte da política. Eu gosto da política de rua gosto da rua, eu gosto de estar perto da população. Tenho certeza que o meu partido, com a condução do nosso líder, o ex-prefeito ACM Neto, saberá tocar o melhor destino para a gente.
BNews: Uma boa relação boa do Poder Executivo com o Legislativo é importante para que uma gestão possa caminhar bem. Como é que está o planejamento de seu grupo político para as eleições legislativas de Camaçari? Quantos vereadores o União Brasil pretende eleger?
Flávio Matos: Nós temos um grupo muito forte. Nos números que temos, os 100 nomes mencionados espontaneamente como lideranças políticas e propensos vereadores, 91 estão do nosso lado. Eu acho que a maciça maioria das lideranças comunitárias, os pré-candidatos a vereador. Temos quase 250 pré-candidatos. Vamos sair com 144 candidatos na eleição. Atualmente, dos 21 vereadores, nós temos 18 na base. Então nós temos a maior força política da proporcional e elegeremos a grande maioria. Acreditamos que entre 17 e 18 dos 23. E, num bom cenário, num cenário muito otimista, até 19 vereadores a gente pensa em fazer. Então, isso significa que estamos fortalecidos. Tivemos, inclusive, um seminário dando um pouquinho de marketing eleitoral e oratória. Tivemos um grande encontro com eles. Então esse povo tá doido pra ir para a rua para que a gente discuta política abertamente. Temos preparado esse pessoal para os embates. Nós temos a maior força política para proporcionar. Posso até cravar que no dia de hoje, dia 11 de julho [quando a entrevista foi feita], que menos de 17 vereadores a gente não faz.