A ausência de Bruno Reis (União Brasil) ao primeiro debate com os três principais concorrentes à prefeitura de Salvador, realizado na quarta-feira (07) à noite pela Bahia FM, faz parte da estratégia inicialmente definida pelo comando da campanha do prefeito à reeleição para os confrontos diretos com o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) e candidato do Psol, Kléber Rosa. De acordo com caciques do União Brasil, a tática da ausência tem dois objetivos prioritários. O primeiro é escapar da artilharia dupla dos rivais. Como Bruno é de longe a maior vidraça da disputa, o temor da equipe de marketing do prefeito é que tanto Geraldo quanto Kléber concentrem toda a artilharia nele, em jogo combinado. O segundo é deixar que os dois adversários se engalfinhem sozinhos.
Cabelo de um, cabelo do outro
"O entendimento é de que, pelo menos nesse início de campanha, não faz sentido Bruno se expor para ficar apenas se defendendo de pedradas. Sem ele, a tendência é que Kléber Rosa, que é mais identificado como candidato de esquerda, seja forçado a endurecer o tom contra o vice-governador, que foi aliado da oposição ao PT durante muitos anos. Foi o que se viu no debate da Bahia FM. É a boa e velha tática de dividir para conquistar", avalia um influente líder do União Brasil, ao condicionar a estratégia do prefeito à necessidade do candidato do Psol de atrair o eleitorado esquerdista de puro-sangue para crescer.
Nem muito nem tão pouco
Entretanto, ainda restam dúvidas no núcleo central do União Brasil se Bruno Reis deve faltar a todos os debates do primeiro turno ou apenas a alguns. Tanto que na manhã desta quinta-feira (08) a assessoria do prefeito garantiu que ele estará no duelo com os adversários que será transmitido à noite pela Band Bahia. "Queremos usar o debate da TV Bandeirantes como termômetro para avaliar se vale a pena participar dos demais, salvo o da TV Bahia, que deve ser o último antes de 7 de outubro", afirmou um dos integrantes da coordenação política da campanha do prefeito.
Recordar é viver
Reservadamente, caciques da oposição acham que desprezar os debates pode trazer riscos ao prefeito. Em resumo, enquanto ele estiver com margem folgada de vantagem, como mostram sucessivas pesquisas sobre as eleições na capital, evitar o confronto ao vivo pode evitar eventuais desgastes desnecessários. "O problema é se os adversários crescerem a ponto de levar a decisão para o segundo turno. ACM Neto seguiu essa mesma trilha e se deu mal depois", alertou um aliado bastante próximo a Bruno Reis, ao lembrar que, em 2022, o ex-prefeito de Salvador também ignorou quase todos os debates no primeiro turno, à exceção do que foi organizado pela TV Bahia, e recebeu o troco no segundo. Quando passou a liderar as intenções de voto, o então candidato do PT a governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, não foi a nenhum dos duelos contra Neto.